Sejam bem vindos nessa casa, onde despida de qualquer pudor, ouso ser eu mesma!

Sejam bem vindos nessa casa, onde despida de qualquer pudor, ouso ser eu mesma!

Que ela possa ter alguma valia para quem lê, estuda , sente e vive a questão aqui tratada. E que de alguma forma minha experiência possa orientar. Sem medo, mostro meu caminho, o caminho que estou seguindo no desejo de ser feliz no desejo de estar bem e viver bem e no desejo de que um dia , possam todos em um nivel melhor e mais elevado de consciência, estarmos numa mesma vibração de amor e respeito uns aos outros! E que sejam bem vindos todos os filhos desse universo e que todos os pais sejam um dia iluminados com o poder do verdadeiro amor filial. O amor é assim: sem egoismos, sem orgulhos, sem pudores, feito criança ele apenas sente...por enquanto é isso!

http://www.youtube.com/watch?v=WBSAVK2xLgU
decidi colocar esse link: DA MULHER INVISIVEL porque todos que estão a trabalho da alma e não pelo ego, são invisíveis!

terça-feira, 1 de março de 2011

DEPOIMENTO -NU E CRU -

Me pediram que eu escrevesse um depoimento sobre minha experiência em alienação parental. Como não redigi nenhum texto nesse sentido , aproveitando essa tarde chuvosa em São Paulo, é o que decidi fazer.

Há tempos venho pensando sobre o assunto e já havia dito antes que um livro iria escrever, mas enquanto esse livro não vem, serve o presente, além do blog que atualmente funciona como uma catarse emocional, para depois juntar tudo e quem sabe assim sai o livro.

Hoje estou com 45 anos, faço 46 em julho, e desde que me conheço por gente, venho experimentando toda sorte de sentimentos e sensações “erradas” e por não conseguir identificá-las é que sempre, que pude, procurei ajuda de psicólogos, imaginava que ao menos esses profissionais pudessem me ajudar e então me fazer identificar os motivos de tamanha confusão de emoções que não sabia identificar e que me faziam muito mal.
Desde cedo, experimentei toda a sorte de emoções negativas que se pode sentir, dentro de uma família totalmente desmoronada, desestruturada pela separação dos pais de forma traumática, abrupta e violenta.
Conta, minha mãe que aos 5 ou 7 anos, não lembro eu tinha um tique nervoso, meus olhos teimavam em piscar sem parar, daí veio meu apelido “pisca-pisca”, e conta ela também que logo depois da separação de meus pais fui a uma psicóloga, coisa que nem lembro , devo ter deletado....
Mas o fato é que meus pais se separaram de forma violenta e como tudo na minha vida iria mais tarde se tornar dramático e fatalista, vi que o inicio desse que eu chamo “kit-desgraça” deu-se na infância.
Não sei direito o que vi e o que vivi, o que presenciei naquela época, mas o fato é que cresci , desde tenra idade até meus 17 anos, sem ter meu pai por perto e acreditando que meu pai se tratava de um monstro de inigualável maldade.
Não me lembro direito os motivos que fizeram com que meu pai se afastasse de suas filhas, tenho uma irmã mais nova uns 2 anos e 9 meses! O fato é que meus pais sumiram da minha vida! Não! Minha mãe estava comigo, mas ela de certa forma sumiu desde a separação, da minha vida, tornando-se omissa em quase tudo.
Um fato que lembro bem é que essa alienação parental fora praticada durante toda minha infância, e inicio de adolescência pela família inteira de minha mãe. Minha avó era viúva, e talvez a mais responsável pela alienação parental. Naquela época ela nos sustentava financeiramente e esse fato sempre faz com que o mais poderoso , aquele que tem o poder através do dinheiro imponha aos seus súditos algumas normas de comportamento e regras ditas e não ditas. Pois bem: uma regra dita e sempre dita que ouvi, foi que meu pai, que era uma pessoa do mal, monstro do mal, e levava consigo todo um rol de predicativos que duvido encontrar em um dicionário vigente!
Os homens, na mente de minha avó nos faziam de “privadas” defecavam e sumiam!

Fato é que minhas emoções se tornaram confusas, as vezes devo ser assim ainda....mas eu não sabia dizer se gostava dele ou não, eu lembro que quando tinha uns 9 anos, na época da recém-separação eu não podia escutar uma música chamada “Naquela Mesa” , essa musica me causava uma angústia incomensurável e me perturbava de tal modo que devia me sentir a criatura mais solitária e incompreendida desse mundo. Chorava muito e nem sabia os motivos. Olha só a confusão de sentimentos: Eu chorava pela música que dizia sobre a falta de um pai “naquela mesa” na mesa da minha casa , e não entendia o motivo do choro já que renegara meu pai junto de todos na família, afinal ele era pessoa mal vista, indesejável e tratava-se de um verdadeiro monstro. Então como eu poderia explicar a mim mesma essa sensação de saudade de angústia por alguém que não merecia meu amor? E além disso , não me aceitara como filha, já que afastara-se de mim e de minha irmã sem nenhum motivo – ao menos para as filhas - ? A rejeição, a angústia, a infelicidade, a cumplicidade desenvolvida ao lado de minha mãe me confundia por inteiro!
Minha mãe fala até hoje que eu , aos 9 anos disse a ela que ela poderia se separar do meu pai pois estaria sempre ao lado dela estando ela certa ou errada! Acreditem, eu falei isso! (eu lembro de mim falando essa frase, acreditem) E foi com isso que cresci. No comprometimento que fiz a minha mãe em juramento infantil de que estando ela certa ou errada a apoiaria até o fim....fim esse que me custou uma vida, a minha vida!

Após a separação, aos nove anos, morávamos num estado longe de São Paulo, morava no Mato Grosso, naquela época o estado do Mato Grosso era apenas um. Anos 70. Minha avó veio morar conosco para apoiar ($$$) minha mãe, que era a primeira mulher “desquitada” da família, vejam só, além de tudo ainda tinha esse preconceito! Naquela época minha mãe começou a cursar faculdade de direito.

Minha família era composta de : uma avó autoritária , nervosa, perturbada, uma mãe confusa e incapaz de lutar por si mesma, uma irmã até então sem sentimentos, gelada e sem compartilhar seus pensamentos, nunca chorava na nossa frente, acho até que nunca chorava! Além de uma empregada doméstica que conviveu conosco por cinco anos. Era essa minha única  familia! Estava longe de todos, distante de tudo e de mim mesma. Não havia familiares por perto, estava longe de tudo..
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Nunca aprendi, nunca me ensinaram a ter amor-próprio, auto estima, confiança, fé, nada, nenhuma noção de nenhuma moralidade, educação, nada! Cresci por mim mesma, eu e minha irmã.
De fato em algum momento no final da infância e inicio da adolescência percebia que não fazia mais parte daquela família. Meu pai sumira de vez, desapareceu por completo, feito mágica colocou-se um “pir lim pim pim” na minha vida e de minha irmã e sumiu, apesar de sabermos sempre por onde andava, porque sempre residiu no mesmo lugar...
Esse sumiço , essa desintegração total familiar me fez acreditar que não era pessoa capaz de receber afeto de ninguém, nem tampouco dar afeto! Isso em relação aos relacionamentos entre homem e mulher. Eu amava minha mãe, era um mito pra mim, mas foi assim até meus dezessete anos, quando em um ato de revolta acabei brigando com ela e até disse que ela poderia esquecer de mim como filha e em um ato de desespero e solidão tentei cortar os laços maternais, nessa doce ilusão de que isso me traria de volta uma pessoa que não era eu, mas que queria ser alguém, alguém amado por alguém e de preferencia quem sabe, amado pelos próprios pais...descobri que os defeitos, a própria educação de minha mãe não permitiram que ela descobrisse como dar e receber afeto de filhos, afinal dizia ela, que não teve afeto dos pais então não saberia dar o que não teve....então a conclusão de minha vida era que eu nunca havia recebido afeto de ninguém, mãe ausente, sempre confusa e pai ausente e sempre um monstro! Ambos vivos, bem vivos e perto, tão perto e tão longe!
Quem poderia me amar, quem poderia acreditar em mim como pessoa?
Claro que nem eu mesma poderia sentir isso!
Somos consequência desse primeiro mundo na qual vivemos e crescemos, e aí já estava com dezessete!
Como disse acima, desde o inicio de minha adolescência percebia que não fazia mais parte daquela família, por não compactuar com nada que ali dentro se falava,  vivia,  sentia, não compactuava com nenhum valor moral, amoral e imoral que ali era vivido...o som da minha família me perturbava...as músicas da minha casa me perturbavam....a televisão da minha casa me perturbava...o cheiro, meu quarto, então aquilo ali não era meu lugar.
Percebem? Não tinha mesmo família, nem teto, minha sorte mesmo é que não descambei ao vicio de drogas , não fui pra rua, não me prostitui, não me envolvi com nada que colocasse minha vida em risco, disso tenho orgulho de mim...nem sei o que me guiava naquela época...
Só sei que depois que fugi de casa – a estória está no meu blog – depois que fui morar em Campinas/SP – fiquei por dois longos anos em depressão, engordei e era o auge da minha adolescência....sempre só. Minha mãe não percebia ou não olhava pra mim...durante esse período estava no colegial, estudava de manhã e quando ia à aula, dormia a tarde toda, e ficava insone nas madrugadas campineiras. Minha mãe morava com uma pessoa, meu padrasto naquela época também vivia o mundo dele, ninguém nunca olhara para mim e para minha irmã. Por mais que ela tentasse chamar a atenção nunca olharam de fato! Ela sempre deu mais trabalho, porque eu era quieta, conseguia, não sei como seguir minha vida e desabafava em meus diários, não em comportamentos suicidas, oportunistas, e agressivos como minha irmã.

O fato é que minha alma ansiando por ajuda, sempre soube que se não poderia contar com mais ninguém, creio que decidi em algum momento que eu tinha que ter ao menos eu mesma!
Talvez seja por isso é que consegui seguir nos estudos e apesar de ter faltado tanto na época do colegial, estar morando num lugar indesejado por mim, não ter amigos, estar sempre só, quando conseguia me concentrar um pouco, conseguia ter vontade de estudar....isso me salvou. E apesar de ter tido tantas mudanças geográficas na minha vida, pois que eu me lembro devo ter mudado de casa e de cidade por mais de quatorze vezes, andei por todo o interior do estado de São Paulo, pelo Mato Grosso , na cidade de São Paulo,  e com isso mudava de escolas por todo o momento, pior que cigano, imagino, teve ano que mudei de escola duas vezes, ou seja iniciava o ano em uma escola e em agosto estava em outra! Não sei mesmo como não sucumbi e não repeti nenhum ano e nem fui parar numa febem da vida! Ninguém pensava nas crianças. Naquela época era pior ainda! As crianças eram joguetes mesmo! Ninguém pensava nelas...ou seja no meu bem estar e no de minha irmã!

O que foi bom, no meu caso, é que dentro de mim sabia que faltava algo e me despi de orgulho e fui me resgatar. Aos quinze, quando fugi de casa – vejam no blog - descobri que queria muito morar sozinha, e quem mais me ajudou na vida? Minha avó, que hoje vejo como minha mãe. Meus avós. Minha avó se casou novamente com um senhor de nome Gentil que o considero mesmo como família e avô.
Esses dois me apoiaram e me ajudaram financeiramente a morar sozinha. Me custearam a faculdade de direito. E imaginem onde fui morar e estudar? Tentem imaginar pra onde fui morar sozinha? Sim, na mesma cidade que meu pai residia e ainda reside, na mesma cidade onde nasci. Retornei às origens! Não tinha mais como não seguir esse instinto, esse desejo, consciente ou inconsciente!
Ironicamente o universo me prega essa peça, ironicamente? Não acredito nisso, acredito que naquela época e ainda hoje sempre estive à procura de mim, de minhas raízes, das raízes que me foram arrancadas feito aborto, que me foram impostas feito estupro! Perdi todo o contato com minha família por parte de pai, onde tinha primos legítimos, já que minha mãe é filha única, mas pela família de meu pai, ele com mais sete irmãos, me negaram tudo! Me negaram crescer ao lado de meus avós paternos, tios e tias, primos e primas que hoje os vejo através de rede sociais pela internet, vínculos? O tempo passou...

E por estar à procura de mim mesma fui morar na minha cidade natal, onde aos poucos fui me aproximando de meu pai e com muita timidez, medo e sofrimento fui chegando perto. Primeiro ligava no escritório onde ele trabalhava e dizia : _ posso passar ai? Ele, do lado dele devia ter medo de mim também , pois não sabia como estava meu estado de espírito, devia pensar: o que essa menina quer fazer aqui depois de tantos anos? Vai brigar na frente de todos? Vai me xingar? Não sei, nunca falei com ele sobre o assunto, mas acredito que devia pensar assim. Mas o fato é que aos dezessete comecei a resgatar um pouco , não do meu passado, mas daquela pessoa que estava na minha certidão de nascimento como sendo meu pai. Ligava, e cheia de medos ia visitá-lo em seu ambiente de trabalho. Naquela época meu pai trabalhava como contador de um tio meu. Então até me aproximei um pouco , mas um pouquinho só desses primos...
Fazia faculdade na cidade, morava sozinha, e comecei a trabalhar...aos dezessete anos...tenho orgulho de mim.
Essa aproximação foi se estreitando, e então quando me ví, estava almoçando na casa de meu pai, junto de minhas irmãs e madrasta quase todos os dias! E adorava a comida dessa mulher! Fiquei assim , durante a faculdade, ia comer lá...saia do trabalho, almoçava lá e retornava ao trabalho...assim conquistei essa família, e até hoje estamos aqui! E por mistérios do universo, elas estão morando ao lado de minha casa, apenas 50 km nos separam.
Depois de 45 anos sem natal com meu pai, o ano de 2010 reservou para mim esse dia, passamos juntos, eu , ele, minha filha, meu marido, minha madrasta, minhas irmãs e meus sobrinhos! Foi maravilhoso e emocionante! - (filmei - anotei e vou postar depois no blog quando a estória chegar nos dias atuais)

Meus avós sempre ajudando e minha mãe sempre longe...hoje não julgo mais, mas um fato preciso dizer para às mães em geral que foram e ainda são muito vaidosas, muito alheias à educação dos filhos e muito egoístas....cuidado: cuidado porque a vida vai dizer onde está a sua falta na maternidade. Não se brinca com maternidade, não se faz pouco caso da paternidade, pois essa é a única missão de que temos consciência na vida!

Essa fase me ajudou a construir pontes com meu pai e aos poucos a ir conhecendo-o de verdade, claro que isso gerou e ainda gera inimizades, ciúmes pelo lado de minha mãe e de minha irmã, que deseja a morte dele. Ela fala isso sempre que pode, ainda o chama de verme e de tantos outros nomes que não posso ficar repetindo....não tenho mais nem dó dela, estou aprendendo a sentir compaixão, creio que deve ser esse o melhor sentimento...

Estou no meu terceiro casamento e acho que já não quero mais...quero ficar sozinha, quero viver sozinha...nunca gostei, nunca amei de fato nenhum homem, mas ...

O pai da minha filha...é...o pai da minha linda filha... fiquei por longos 12 anos e quase morri, escolhi muito mal, tive todos os infortúnios que poderia viver num relacionamento.
Depois descobri que nunca o amei de fato, vivi doze anos com uma pessoa que sequer gostava, eu descobri que eu tinha uma forte ilusão, a ilusão que me pegava de fato e me grudava nele, a ilusão de que finalmente tinha uma família e que ele era o pai de minha filha e que iríamos ficar juntos numa "pseudo-família-segura" que nunca existiu de fato. Quando percebi, estava sustentando emocionalmente e financeiramente esse relacionamento...vivi nessa ilusão criada por mim mesma por doze longos anos e quando me dei conta, vi o grande teatro na qual estava vivendo, e a custo de minha saúde física e mental. Desenvolvi todas as doenças que se pode somatizar a partir de então. Fora as da infância... Ainda hoje, após oito anos de separação tenho produção em excesso de histamina, o que me dá urticária , herdada do descontrole emocional vivido naquela época. Minha vida totalmente fora do eixo! Caos total! Hoje já foi objeto de análise e sinceramente já o perdoei e já me perdoei por isso, e é só por isso que escrevo sobre o assunto, caso contrário nada poderia dizer, sob pena de sofrer tudo, tudo mesmo novamente....não dizem que recordar é viver? É fato , mas é fato que hoje posso recordar porque já saí de mim, hoje não mais a Maria Lucia, porque ela cresceu junto comigo! Se não tivesse resolvido na seara das emoções e da alma todos os sofrimentos, angústias, desamor. solidão, depressão,  não seria possível escrever.
Fato é que, por não ter nenhuma auto-estima, e por questões mais profundas que o texto permite nesse tempo, (estou no depoimento que me foi solicitado hoje) escolhi mal, vivi mal , mas tive uma filha, e pensava em nunca ter filhos! Balela! Minha linda filha, hoje com 16 anos me ensina a viver! E aprendo com ela a não cometer os mesmos erros que fizeram comigo, afinal motivos para praticar alienação parental tive de sobra, mas eu consegui ver isso e hoje ela tem um relacionamento com o pai que está presente na vida dela. Apesar de toda a destruição emocional , física e financeira, doenças que somatizei, depressão que experimentei, enfim...tudo o que experimentei ao lado dele, eu devo deixá-la livre, permitir que ela conheça o pai, que ela julgue por si mesma! Afinal ele era meu marido, não dela! Ela é saudável nisso, graças a minha percepção em não misturar as vidas! Graças a minha saúde mental , hoje! Isso também demorou, não foi da noite para o dia, mas se esse caos demorou mais de 40 anos para se instalar, essa desintoxicação , posso assim dizer, está vindo rápido....de dois anos para cá! Me sinto orgulhosa de mim mesma. Minha alma finalmente agradece estar sendo ouvida!

Olhem, só para deixar algo aqui....o pai da minha filha deu motivos, muitos e inúmeros motivos, dela não o querer mais por perto , deu motivos a ela para que ela o rejeitasse. E é claro, para que eu praticasse de mão cheia a alienação parental mais majestosa que se podia fazer! Desde que ela nasceu, analisando os fatos - (que deverão ser narrados aqui também), motivos nunca faltaram, mas no ano passado descobrimos , ela me contou finalmente, chantagens dele para ela terríveis além de outras estórias, o que fiz? Pedi a ele um tempo de afastamento, um tempo a fim de que minha filha pudesse "digerir" essa estória, não saberia dizer quanto tempo, mas o tempo suficiente dela poder ter coragem de se abrir com ele....ela estava mal por conta de algumas coisas que aconteceram...teve inicio de depressão, síndrome do pânico, quase repetiu na escola, crise de ansiedade de pararmos no hospital por conta de taquicardias, mas o que fiz? Disse a ela que nisso era PHD e que eu mesma iria tratá-la até um certo ponto, caso ela não melhorasse iríamos partir para a psiquiatria, mas então ficamos do mês março até setembro de 2010 nesse tratamento emocional, físico e psíquico. Tive que sequestrar minha filha que estava indo morar com o pai num outro estado....sim, sequestrei-a de volta , essa estória é para um outro momento! Lutamos juntas e nessa luta ela aprendeu a ser mais forte que tudo isso, e quando ela conseguiu , realmente falar, se manifestar ao pai, porque antes ela travava com ele...mas quando finalmente se soltou, isso se deu somente em agosto ela então desabafou com ele e disse que o perdoava, mas que aquele tempo tinha sido necessário. No final ela ficou só dois meses sem falar com ele....eu cuidei direitinho e tenho orgulho disso. Nunca interceptei nada, nunca interrompi ligações, nada. Minha filha tem a privacidade dela e sempre teve! Só disse ao pai dela para esperar um pouco...depois ele pediu desculpas à filha e estão nessa sequência da vida....passaram final de ano juntos e ela segue no perdão, quanto a ele, a questão é dele...e fico feliz por minha filha ter aprendido dessa forma, sem precisar de remédios que só prejudicam e nos fazem "dormir para a realidade" e lutando consigo mesma, aprendendo a se conhecer e respeitar seus limites. Ela teve medo de muitas coisas, mas superou e hoje está forte emocionalmente e sabem mais? Vi o pai dela agora em janeiro quando fui pegá-la de volta das férias, nem sabia que iria vê-lo pois não o havia visto fazia mais de um ano, quando as coisas aconteceram....então ele apareceu lá para despedir da filha e eu depois fiquei surpresa comigo mesma, pois o cumprimentei com beijinhos e tudo e nada....nada senti....não senti raiva...nem dor....nem culpa...nada....aprendi a respeitar tudo isso e só me dei conta desse fato já depois em casa! Feliz e surpresa pela rapidez de meu perdão de dentro mesmo! Fiquei feliz , por tudo isso! mesmo!

Por conta desse histórico emocional, estou hoje aqui, num recomeço de tudo, de vida de tudo!

Graças a Deus encontrei uma excelente profissional na área da psicologia que há dois anos me ajuda em muito e me fez entender o perdão! Essa profissional me salvou! Importante dizer isso, porque eu procurei muito tempo por um profissional que pudesse de fato me auxiliar, de fato mesmo, que não fosse obsoleto como tantos outros que conheci, mas o universo conspirou a meu favor e agora está saindo tudo certo, mas só hoje! Aos 45 anos!

Tem mais um detalhe importante:
Faz oito anos que estou em São Paulo, e quando vim para essa cidade uma pessoa que gosto muito hoje, em entrevista, falou que iria me chamar de Dra. Georgetti! Pasmei! Morri! Surtei! Afinal o Georgetti ainda estava lá, não totalmente resolvido, não perdoado de fato! Fiquei cinco meses ouvindo as pessoas me chamarem de Georgetti e não estava gostando, não me acostumava...isso estava sendo ruim...afinal vivi uma vida sendo a Lu, agora a Georgetti? Por mais ironia ainda o cartão dessa empresa veio assim: Dra Georgetti , é pra rir não é mesmo?! Pois bem, e foi somente depois de cinco meses que aprendi a incorporar meu nome e acabei esquecendo, daí comecei a me orgulhar dele e comentei o fato ao meu pai numa ligação e em tom de orgulho disse: _Está vendo? Aqui em São Paulo sou a Dra. Georgetti! Minha mãe chegou a falar que esse nome era ruim, dava azar...fiquei triste em ouvir, afinal já estava velha demais para continuar isso tudo, mas disse a ela que era assim que era meu nome e pronto! E também reforcei que a pessoa quem decidiu me rebatizar dessa forma disse ter gostado muito do meu nome que era um bom nome além de ser muito forte! Então ficou assim até hoje. Aqui em São Paulo sou a Georgetti para uns e Dra. Georgetti para outros. Uma nova vida! Um novo nome!

Depois, por algumas razões da vida, ainda fiquei afastada de meu pai por longos treze anos, sem nenhum contato! E por desígnios do universo, depois de 45 anos tive um natal em família, tive um natal com o Sr. Georgetti, tive um natal com meu pai! Vou contar melhor no blog.

O tempo passou e aprendi que não tinha mais o direito de julgar meus pais, por isso a declaração de amor que fiz no meu blog! Minha libertação veio através do perdão, através desse amor sufocado durante tantos anos e que consegui , ao menos por uns dias, durante o natal de 2010, manifestar ao meu pai, e durante o ano todo de 2010 fui manifestando à minha mãe. Nesse perdão interno, me livrei desse pesado passado e leve feito pluma minha alma está, e com isso posso escutar mais a minha voz interior e aprender a me gostar, aprender que meu aprendizado veio por esse caminho, e que infelizmente nem todos conseguem entender isso. Seja entender-me como pessoa disposta a me expor aqui, ou seja até mesmo por eu ser quem sou hoje!

Quero dizer algo muito importante: Não estou preocupada no julgamento que possam fazer a respeito da minha pessoa, como disse antes, estou leve, minha alma aprendeu que ela não guarda rancor, nem mágoa porque é alma, se fosse meu ego, aí sim ainda estaria encrencada, e como estou em alma, não me incomoda o julgamento do ego de quem ainda está nele, afinal aprendi a respeitar isso também, cada um a seu tempo nas suas descobertas no seu caminho de vida! Aprendi que posso respeitar e não julgar , apenas isso e isso faz toda a diferença nessa vida!
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Fiquei muito feliz, o ano passado numa palestra que assistia na AASP em São Paulo sobre alienação parental, quando assustada soube que apenas um percentual de 5% das crianças que foram abusadas moralmente, emocionalmente nesse sentido se recuperam. Fiquei  feliz porque me incluí nesse percentual tão baixo! Outro estudo que me chocou foi que comparam e equiparam na seara de emoções e sofrimentos a alienação parental com o mesmo teor de dor e sofrimento de abuso sexual. Por essa razão fico mais feliz ainda por ter conseguido passar por tudo isso e poder estar aqui na minha exposiçao e quem sabe poder ajudar alguém. Não tenho outras pretensões, exceto e somente meu livro. Que Deus abençoe a todas as familias para que consigam se olharem nos espelhos das almas delas mesmas e com humildade e muito amor, salvarem-se uns aos outros. Tudo nasce lá dentro, nosso microcosmo primeiro! Abçs a todos!

São Paulo, 01 de março de 2011

Lucilene Aparecida Georgetti

lugeorgetti@yahoo.com.br

http://quandomarialuciacresceu.blogspot.com/

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