Sejam bem vindos nessa casa, onde despida de qualquer pudor, ouso ser eu mesma!

Sejam bem vindos nessa casa, onde despida de qualquer pudor, ouso ser eu mesma!

Que ela possa ter alguma valia para quem lê, estuda , sente e vive a questão aqui tratada. E que de alguma forma minha experiência possa orientar. Sem medo, mostro meu caminho, o caminho que estou seguindo no desejo de ser feliz no desejo de estar bem e viver bem e no desejo de que um dia , possam todos em um nivel melhor e mais elevado de consciência, estarmos numa mesma vibração de amor e respeito uns aos outros! E que sejam bem vindos todos os filhos desse universo e que todos os pais sejam um dia iluminados com o poder do verdadeiro amor filial. O amor é assim: sem egoismos, sem orgulhos, sem pudores, feito criança ele apenas sente...por enquanto é isso!

http://www.youtube.com/watch?v=WBSAVK2xLgU
decidi colocar esse link: DA MULHER INVISIVEL porque todos que estão a trabalho da alma e não pelo ego, são invisíveis!

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Algum tempo depois...

Passados muitos anos desde que criei esse blog, ainda me assusta o alto índice de casos de alienação parental. Sinceramente, não imaginava que após tantos anos da criação desse blog, a situação ainda estaria caótica. O grande passo de consciência individual e coletiva, não aconteceu.

Pais e mães usando os filhos uns contra os outros feito bola de ping pong sem se importarem com o grande malefício que isso tanto provoca. 

Infelizmente os casos de alienação parental continuam acontecendo de modo assustador.

Acredito que o assunto exige certo conhecimento de sua conceituação legal, mas além disso vai ao que entendemos por conceito de estado consciencial. Isso é, onde mora tua consciência. Onde mora a consciência evolutiva do ser que pratica alienação parental. 

Não lembro mais se contei a vocês que além de ter tido a infeliz experiência em ter sido vítima - não curto essa palavra - porque tenho de aprendizado que ninguém é vítima, mas era criança, vou dar um desconto e além do mais estou num papo prático e não espiritualizado, não agora. Então, seguindo, também trabalho com isso. 

Advogo na área de família e imaginava que o assunto teria sido esgotado, talvez porque eu mesma tivesse me resolvido, mas tenho notado um crescente. 

Nossos filhos estão sendo vítimas de todos os tipos de violência: Violência emocional, violência física e violência sexual.

Também a negligência em todos os níveis. A negligência quanto ao uso da internet. A negligência quanto à saúde emocional e mental dessas crianças.

Outro dia, caminhando com meu dog, testemunhei um neto de apenas 7 anos, xingar a avó de "ordinária" e outras palavras mais. Fiquei em choque. Desejei interferir, falar algo para a criança, mas fiquei esperando a reação da avó. Apesar de ser pessoa ainda jovem e com energia suficiente a dar lição de moral nessa criança, limitou-se a gritar mais alto e reclamar algo e pronto. Não ensinou. Não aconteceu nenhum ensinamento a essa criança. 

Fiquei triste. Estamos muito mal educados, mal criados e assim seguimos a tradição com filhos e netos.

O que tem nos faltado? O que está acontecendo com nossos adultos? 

Alguém que me lê, pode dizer?

Enquanto isso, fiquemos com o Chico, o doguinho que junto comigo testemunhou a criança xingando a avó.



domingo, 30 de maio de 2021

O BALANÇO

 Sabem, nem lembro mais como postar por aqui.

Quando parei de escrever, foram uma sucessão de acontecimentos que, sinceramente, pensei que nunca mais pudesse retomar meu blog, porém, aqui estou.

Nem vou ver, nesse momento, qual a data de minha última publicação para não mudar de foco.

_ O que me trouxe de volta?

Essa é a pergunta.

Essa é a questão.

Pois vou dizer que foi essa foto, que vou colocar em algum lugar aqui, que me trouxe de volta àquela sensação estranha de conceito de o que é ser feliz!

Fui pega de surpresa. Quando vi a cena, meus olhos se encheram de lágrimas e meu peito de certo orgulho e inveja.

Lágrimas, pela emoção que, embora os protagonistas nem notaram a magnitude, a nobreza, a delicadeza e a felicidade daquela cena, será? eu pude ver, sentir e ainda mais, desejei eternizar o momento daquela cena para todo mundo, alí para sempre. Que o mundo não mudasse mais, que as pessoas ficassem alí para sempre. naquele balanço eternamente. Porque foi daí que me lembrei de mim.

Lembrei de quando fui criança e brincava no parquinho. Lembrei que levantava altos voos naquele balanço da pracinha que ficava na frente de uma estação ferroviária da cidade onde nasci.

Lembrei da sensação de alegria e felicidade em poder brincar naquela praça.

Lembrei que ainda sou criança, e apesar de estar, como dizem, na maturidade, conversa fiada essa, ainda sou criança e tenho a esperança de uma vida melhor. Aquela cena me trouxe de volta ao texto.

Aquela cena me trouxe de volta de tal forma que jamais esquecerei.

A diferença daquela cena com as cenas que me vieram na memória do meu balanço de infância, foi que, quem me levava, ou melhor, quem levava os primos para a pracinha era um tia avô. Nunca foi meu pai. Uma baita diferença, não? Mas ainda assim agradeço ao meu tio, porque a sensação da criança brincando num parquinho é algo inenarrável, indescritível. Eu consegui sentir tudo o que sentia quando brincava minhas brincadeiras de criança. A alegria e a tristeza tomou conta de mim. A sensação de lugar seguro, era essa a sensação do parquinho. Um lugar seguro. _Conseguem se lembrar das sensações de brincar de quando se é criança? 

_Como pode, ainda, e talvez, para sempre, tanta emoção ficar escondida pedindo passagem?

Preciso dizer mais sobre a cena? E o que mais me alegrou foi ver o tamanho da criança no balanço. Sim, não era mais uma criancinha, mas era a filhinha do papai. Eu senti essa ligação, esse amor, esse carinho, essa segurança com toda minha alma. Não queira mais sair dali. E mesmo estando fora da foto, pude sentir que ainda há chances para nós, como pessoas, como famílias, como pais e filhos. Ainda há...









quarta-feira, 26 de novembro de 2014

DA GUARDA COMPARTILHADA

Novo projeto aprovado e seguindo para a sanção da Presidente da República que trata da guarda compartilha automática quando o casal se separar a partir de então. Isso significa que a partir da data da vigência dessa nova lei, os casais não poderão mais exercer influências negativas de forma a chantagear o genitor que não detém a guarda por alienação parental. Agora o genitor que não desejar ter a guarda do filho deverá se manifestar em juízo o fato. 

A CONVIVÊNCIA DEVERÁ SER DIVIDIDA ENTRE  PAI E MÃE.

OS ALIMENTOS SERÃO DIVIDIDOS ENTRE PAI E MÃE NA PROPORÇÃO DE POSSIBILIDADES E NECESSIDADES DE CADA PARTE. 

Espero que essa lei ajude de fato e de direito às crianças tão manipuladas e sofridas.

Vamos acompanhar o desenvolvimento dessa nova condição. 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Orfandade (de pai vivo) marca uma existência, senão mais!

Hoje o tempo passou e ele nem mais está aqui fisicamente, mas sei e sinto que está espiritualmente!
A orfandade persiste, insiste em machucar!

domingo, 4 de março de 2012

TRES MESES

Hoje são tres meses.Meu querido pai, não pude viver ao seu lado, crescer ao seu lado por inúmeras razões que a vida não nos diz, mas pude, enfim recomeçar ao seu lado no perdão que a vida também não nos diz, apenas nos faz sentir. Por um instante senti todo o seu amor que não pude compreender por toda a minha vida! Daí aconteceu nossa redenção! Sou feliz pela benção dos céus! Saiba que estás no meu coração por toda a eternidade! Amém! Receba minha singela homenagem onde quer que estejas. Afinal o pensamento ultrapassa todas as dimensões...acredito nisso!

sábado, 3 de dezembro de 2011

MEU PAI SE FOI - "'COINCIDÊNCIAS DO UNIVERSO"

VIM HOJE AQUI, APÓS UM PERÍODO AFASTADA DESSE BLOG PARA CONTAR A VOCÊS QUE ONTEM MEU QUERIDO PAI FOI PARA UM OUTRO LUGAR CHAMADO AMOR. FOI PARA UMA DIMENSÃO QUE POR ENQUANTO NÃO NOS CABE SABER, FOI EMBORA DAQUI, MAS SEI QUE ANTES DISSO TUDO, PUDE RECEBÊ-LO DENTRO DO MEU CORAÇÃO, DENTRO DE MINHA ALMA E POR ISSO ME SINTO EM PAZ E BEM COMIGO MESMA E COM ELE TAMBÉM. NÃO PUDE ESTAR AO SEU LADO NESSE MOMENTO, NÃO DEU CERTO, ESTOU LONGE....MAS BEM PERTO.

 A carência e a ausência não me cabe mais julgar , cabe apenas relatar que vale a pena o perdão para receber o amor. Cabe dizer através dessa minha experiência que vale a pena a humildade, o cuidado com o crescimento da alma e a transcendência do ego, senão , nada mais faz sentido por aqui. Cabe a mim dizer aqui como foi essa jornada... Estou em paz dentro do caos que sempre existirá porque ele faz parte dessa dualidade que devemos assimilar e transcender. 
Tudo flui na vida, acreditem! Confiar é o único caminho, caminho esse que nos faz lembrar novamente daquele aprendizado na escola - pelo menos na minha época quando usei uma cartilha chamada
 "CAMINHO SUAVE" e acredito que é assim que deve ser.

Aqui me rasgo, grito, falo, escrevo, digo, e não me escondo. Por ser assim , já errei muito em outros lugares, mas preciso respeitar minha essência, por ser assim, conseguir extrair das tragédias da vida as alegrias e as ironias. Já me fiz de louca por muitos, mas assim sou. Minha alma pede passagem e sem pudores venho mais uma vez sangrar meu coração.

Esse sangue é sangue bom! Sangue de amor e de vida, sangue de perdão e aceitação!
Esse sangue é alma que é universo que é o SER!


Estou em êxtase e numa plenitude inimaginável, não tenho medo, sinto a força da vida me jogando para onde devo ir, sequer posso saber ao certo, mas estou em confiança e paz.

Pai* e Mãe** - não se julga dessa forma, eu julguei e errei muito, por isso estou aqui, para mostrar que vale a pena se curvar diante dos céus e pedir perdão e aceitar o perdão dentro de nossos corações. O perdão é piegas não?

Mas é a cura e a resposta de nossas indagações, que após o exercício de tantos perdões vão se calando na mente até que não exista mais perguntas, porque as respostas estão lá dentro, como sempre estiveram e nosso orgulho e ego não nos permitiram ver .

Somos ainda, muito tolos e soberbos, esquecemos da brevidade da vida e da efemeridade da beleza física. Como disse Exupery: "O essencial é invisível aos olhos"



Grata a todos que me leem e não me julgam!


* e **: Pai e Mãe, difícil conceituar o significado de ser pai e mãe. Por isso difícil fazer julgamento. Ele vem de acordo com o amor e tratamento que se recebe de pai e de mãe. Quem dá amor recebe amor, quem dá orgulho recebe desamor, quem dá o ego recebe ira, quem dá egoísmo recebe desapego, quem dá vaidade recebe soberba, enfim, vale o ditado popular: "Quem semeia ventos, colhe tempestades" . Isso é fato! Não precisamos julgar um fato!

domingo, 17 de julho de 2011

MEU FILHO, VOCE NÃO MERECE NADA. - TEXTO DA ELIANA BRUM - leiam

 
Meu filho, você não merece nada
 
A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada
 
Eliane Brum
   Divulgação
ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).
E-mail: elianebrum@uol.com.br Twitter: @brumelianebrum
Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.)